ah, o amor...

Jamais saberei que fim levou teu cavalheirismo; tua dose de boa companhia; tua conversa franca; tuas flores vermelhas presas num cordão. Você batia à porta com um sorriso espalhado de canto a canto, eu te observava da janela ao lado por uns segundos, depois corria com as mãos atracando a maçaneta. O olhar devorava o que guardávamos interiormente como se houvesse uma possibilidade de enxergarmos cada sentimento, um por um; estraçalhá-los à mesa, e analisarmos minunciosamente cada detalhe, aparentemente, sem importância.

Você era o meu maior bem. Eu te usava como solo para fixar minha raiz, e esperava receber a vida. Você era o solo. Eu, a semente. Mas, fazia-me sentir uma semente especial mesmo que dependente. Toda a tarde, no mesmo horário, com o mesmo chapéu e flores nas mãos, construindo uma rotina prazenteira e cheia de surpresas, você me acolhia, me aconchegava, me amparava, me afagava, me amava, me... (arrume um verbo que comece com A, que combine com romance, e continue).

Estávamos, sim, bem enlaçados em pouco tempo. Cada dia apertava-se o nó. Sufocamo-nos com uma corda forte que se enraizou no espaço onde o limite deveria estar. O desejo nos induziu a dominar os ponteiros do relógio. E o amor, era coisa nova, sempre nos mostrou ser de bem. Não imaginávamos que o amor nos atrapalharia o amor. Porque foi o amor que apertou nosso peito, que causou a saudade e derramou umas lágrimas; o amor que nos despertou alguns desejos banais. O amor é um sentimento engraçado: deve ser medido para que sua intensidade não nos intensifique.